19 de junho de 2007

as horas

as horas do desespero não enganam
são sempre pungentes sem amor possível
apenas os olhos vivem no mar dessas horas vidas

o brilho negro ofusca a paisagem distante
do sentido dos afectos
e o id sufoca o real
que sobrevive das aparas vermelhas
que correm lentas

terra queimada pelos passos do monstro
de nome sussurrado no sono
de que se foge em constante delírio
para que nomes?

o grito que não sai
as palavras que ardem
as águas que se fecham na vergonha
os cigarros que se mastigam sem amanhã
os olhos que se fingem
a salvação por que se anseia sem saber
o vazio que devora tudo..

1 comentário:

Raquel Antunes disse...

Muito tocante Sérgio. Carregado de psicanalismo e uma boa dose de amarga tristeza.

Beijos,

Racas