6 de junho de 2007

uma noite

lua anárquica no meu fluir
pela rua deserta de seres mais humanos
foges-me sempre que te procuro
com os olhos escurecidos pelo cansaço de desviver
e abstractos olhares deito então ao chão familiar
de outras fugas

as estrelas invisíveis
entre os néons que rolam
como balas perdidas
já não me fascinam
como na vida que tive

desrespeito pela métrica dos passos
e pela direcção conhecida
os candeeiros olham-me de lado
cumprimento-os antes de fugir
da sua luz inquisidora

os escuros becos magnéticos
os recipientes do fim anunciado
os brilhantes olhos cúmplices
os outros eus
os motores frios
as estradas desprovidas de sentido
e os latentes apêndices de cimento
todos me conhecem já
na companhia de mais uma noite vagueada

Sem comentários: