28 de julho de 2007

nick cave and the bad seeds - as i sat sadly by her side



para quê mais palavras?

intro/outro

aceleração repentina
trip paranóica emoldurada
por latidos surdos
impulso animal

areias ondulantes

garagem de esquema
mohammed qualquer coisa
alarve de viagem
sentimento qualquer
e espírito incerto

ansiedade nostálgica e estrangeira
o espaço como perdido
alucinação

doom..

perfeição
renascer assim sem o esperar
e algo diferente encontrar

outros ritmos e latitudes
o ambicionado destino tão próximo
e em simultâneo temido
porque existe

de novo a angústia insuportável
e raios de esperança
jorram-se a mim

a melancolia envolvente
não esconde as dúvidas
sobre o propósito
mas o épico nasce
e toldado encontro-me
não de surpresa sou capturado

aterragem adormecida
sem perguntar o caminho

26 de julho de 2007

pedaços da fuga

as luzes soltam-se como acordes de piano
e o murmúrio da minha voz suspende-me
o plano era a fuga mas desencontrámo-nos

o holofote foca-te e assustada olhas para dentro
nada vês além do vazio
que me conseguiste impingir também
em mútuo consentimento
mas os cães farejam até os medos inconfessáveis
e o teu vestido que te ficava a matar-me o olhar
e os sentidos
jaz desprovido de carne

no arame farpado me enredei
e não mais saí
esquartejado, em gumes de sangue me esvaí

2+2=5

são os sentidos que se apagam
quando a bobine desfila sonhos
e é essa coisa-alma, acesa por dentro
que ilumina aquilo que resta dos escombros
que ficaram, sem rodas nem lagartas
para os ultrapassar,
rastejo como um verme
mas não me sujo
as minha mãos estão limpas
e o cabelo livre do sabão queimado

não percebo o esperanto desta jaula
nem porque me falam nisso
enquanto a babel cresce sem pausas
regada por sóis quixotescos
que não vêem o que irradiam

paradoxo do winston de orwell
derrotado à nascença
é a negação da carne que me entrega
nas mãos do partido

e sim, digam as palavras
o que desejarem,
dois e dois sempre serão cinco

nine inch nails - march of the pigs

porque me apetece partir tudo :P





puro génio narcisista..

25 de julho de 2007

interpol - the lighthouse

o vídeo é o que é, vale pela música.. e vale muito..




para apreciar fora do tempo..

influenza

a jam with my own mind, together racing at the prize
into a golden myth in stone that darkens whole in time
recesses spill Munch´s lust for the horror inside
and Lynch´s throwing me poetic dimebags in abstract textures
light and sound united against reason
leave for the interzone where everything has a feel
and the agents of orange become one with reality
dance alone from reaches unknown by no man alive
those rapa-nui had it all, both space-time and will to take the veil unwrapped
i tackle the white ones and write it on the wall
afective interventions spill out from the spray and the gray becomes frail
under the bright lights, colors that tell stories unbound by any knowledge
the cave leaves me in awe, industrial mesh of raw
seeds of life in tow with art as centerfold
and a german madman empties verve and soul into the blank of god
he dies alone but whole
the junkie king torned between a world of his own and the one which is sold
like the 101 in us
happy when it shows up, along this void we built with smiles and glitter, again and again frittered
smoke a thousand cigarettes, still life finds a way
inhale millions of words,the damned will find a way
and the lizard awaits with a scotch embedded in sweet mescaline
pure and dirty boots shredded from roaming eternity..

22 de julho de 2007

nós

insanidade ocupa-me
o tempo livre
os tremores
faz como se não os visses
faz de conta que está tudo
como deveria ser
a natureza nasce comercializada
o homem finge o sonho
na luz negra da pastilha
e nós existimos

nós

como se isso me fosse possível
agarrar o externo sentimento
e dele fazer algo inteligível
palpável
sistemas imunitários
paralelos e perpendiculares
que se destroem
na ausência da carne
e na ausência da alma

não sei como sentir-te
de outra forma
sem sangue a palpitar
entre o nosso espaço
que se dilata
e se escoa no tempo
da minha cobardia

20 de julho de 2007

diário de um tasko-dependente, 3

in taska raska


agarro o vinho e fujo
esta vida que aqui levo é minha!
grito no desespero da lentidão
de quem se sente preso
antes da fuga

mas o dia é também meu
pois consigo com o néctar escapar
e a balbuciar coisas sem nexo
verto nos lábios a esperança
de um filme diferente, com final feliz
sem estrelas secundárias
a interromper o monólogo

sentado já na ressaca
da permanente secura de bêbedo
incendeio um cigarro
com a alma ainda em ferida
mas a cicatrizar
olho pelos cantos do fumo
e não vejo tristeza
a navegar perdida
adormeço e regresso
ao cais da partida

18 de julho de 2007

passeios

cambaleio e dou por mim no passeio, do lado contrário da estrada.. como vim aqui ter? não me lembro de fugir aos carros que passam velozes.. foi o desconhecido que me chamou entre nuvens áureas de sonhos perdidos? ou o esquecimento caído na garrafa?

olho para trás como quem procura o passado, mas não reconheço o caminho desaprendido na mitigada névoa alcoolizada.. os vómitos antigos chegam-me ao olfacto destreinado e fujo de mim novamente.. cambaleio por este novo passeio, sem saber onde vou, apenas de onde fujo..

o sol não me acorda ao despertar a cidade carente de vida.. o beco onde descanso é estéril de outros seres menos rastejantes e ouço as vozes ao fundo dos olhos fechados.. não falam de mim mas de gente, essas coisas que julgo ver pelos cantos dos olhos, fugindo também mas noutras velocidades e direcções.. tento levantar-me e caio..

está vazia a alma que bebi avidamente, num torpor demente, sem conseguir enganar o legionário guardião.. o sol queima-me a face e a mente desligada vislumbra razão, por instantes alucinados e assustadores.. a violência desmedida da memória leva-me de novo à estrada.. e novas memórias nascem..

...

vítima e carrasco, agora é ele quem cambaleia noutros passeios..

16 de julho de 2007

lá fora

chegam-me aos ouvidos doces cantos de sereias policiais
ecoa no ar cinzento a leveza etérea das nuvens
que não descansam os raios da persistência
os néons destroem toda a absolvição possível
da lua encardida pela cegueira citadina
e os pontos negros do céu feio de tóxico
esquecem-se de vir à festa
não têm convite
mas podiam saltar por cima do mundo
para junto de quem já tem saudades
de os admirar na distância inóspita do tempo

são as canções do silêncio as que mais queimam
na ânsia, na chama de viverem fora da jaula
são as canções que não se cantam porque doem
e são as noites que as imaginam
nas solidões avulsas
e nos espelhos vazios de reflexos

as histórias têm finais por vezes
ou então ficam em vida aberta ao engano
e às hipóteses irrealizadas
mas são os finais que cicatrizam
os cortes do papel

na janela que está do lado de fora
o vidro é mais baço do calor
a ampulheta mais apertada
e a avenida não é beco sem saída
os pontos negros estão lá afinal
mas falam baixinho já
como quem não conhece o mausoléu
nem a sua hospitalidade

valhalla em fuga

o tempo esquivo corta paisagens anónimas
na viagem para um lugar longe, longe
um outro lugar onde a fuga parece possível
e onde as lâminas cortam mais à flor da pele
onde a vertigem não assusta nem teme
a queda

aquele sítio nosso que não conhecemos ainda
mas que desejamos ardentes
como a vida que se desenhou
nas possibilidades infinitas
que não tiveram lugar
entre os medos autistas
e os sonhos desfeitos
mas que a malévola esperança
diz ainda a pulmões cheios
e menos nicotinados

é esse o destino que se mostra, sereno
quando dele não me escondo

13 de julho de 2007

jardim nocturno

é lento o desenrolar da noite
como num pêndulo partido
desconcentrado de mim
pela enésima vez
mentiras!

absorvido pela sordidez
e pelo recato do intelecto
não passa por aqui a busca
de outra coisa que não
o estupro da alma

sinais
apocalipse suicida
as térmitas passeiam livres
sob o corpo desistido
e os sinais cegos

a metempsicosis do ego terrorista
frustrada

desconhecimento de causa
dessa vida heróica
sem falsas contemplações
nem anódinas masturbações
egocêntricas

há causas que se tornam efeitos
quando o medo passeia sozinho
de mão dada com a raiva
e é nas horas do jardim despido
que as sebes desmoronam
o labirinto imberbe

os portóes cerrados
escondem o contrabando declarado
na cobardia muda

chega a luz que nada altera
depois de noites todas
numa só

12 de julho de 2007

carta

abrimos os nossos mundos um ao outro
escapa-me ao controlo que o meu esteja mais repleto de coisas feias e mudas
não é razão para que me mostres os dentes rombos
como se a dor por eles não perpassasse na mesma
diz-me o quanto me queres ver desaparecer
para que o faça de uma vez por todas
e num instante repentino destruir este limbo
que me enlouquece a velocidade de cruzeiro descontrolado
não tenho armas nem táctica para esta batalha
nem quero este inimigo
o silêncio devastado
a minha distância apocalíptica
neguei-a por ti e agora sinto-a ressurgir
no fumo dos corpos abandonados pela incoerência
das verdades engorduradas pela mágoa
que escorregam céleres entre os escombros
ninguém sai impune da vida

no alpendre

a fuga possível de nós
estreia de novo alpendre viajante
onde nos encaracolamos
e dizemos adeus a coisas
que não mantemos
disponíveis

é a manhã cósmica
que nos vem adormecer
e deitar entre estrelas caídas
e outros astros esquecidos
nas ânsias de movimento
que nos assaltam os corpos
uniformes civis

e o sorriso falso das inverdades
não nos disturba o sono
nem nos torna menos real o sonho

são histórias reportadas
pela alma vazia
do rufar dos tambores
ancestrais

viagens..

faca anónima de gume triste
as palavras magoam a saliva que cospe cega
e corta o vazio entre nós

é o desencontro das almas afiveladas
a sorrisos amarelos o que mais dói
e mais o nada acerca

estou aqui mas não existo
e o sangue não me fala
e a carne enganada pela mentira
do silêncio
está casebre demolido
de bairro social
habitado por junkies obliterados
e de memória falha

vilão do meu próprio filme série b
marginal a cinzento
terceira cor do binómio
e negociador da paz podre
entre o ódio e a raiva

e o barco negreiro
que não se afunda nunca
corrói-me o esqueleto esponjoso

são miragens que matam
oásis peneirados de água
e dunas entrecortadas
num horizonte bem próximo
de casa

11 de julho de 2007

dentro do exterior interno que queima

sorrio e aceno olás e deuses
siameses na indiferença
..as entranhas queimam no gelo..
sinto-me bem, perto de ti
estou aqui bem
este sol é agradável
..o diálogo cauteriza o sentimento inerte..
vamos fazer qualquer coisa
para despedir esta apatia
e dizer olá a novos dias
..mas este sol não desaparece para sempre no adeus simples e conciso?..
o movimento significa
quando a esperança
é toda
e a coisa-alma
é algo
..morri em tudo que não fui..
mas a vida torna-se uma cólica
o intestino esbraceja
e os parasitas são cegos
..sorri a tudo o que não fui e morri de velho..
estamos por aqui
o rio parou e abandonado
o barco vomitou gente
que não sabia nadar
mas salvaram-se?
..o caixão cor de cinza e espessura de terra morta..
aqui ficamos, orgulhosos
do que não aprendemos
..a brisa solta-se amena e o mar acolhedor é meu..
os anjos ejaculam na nuvem
sémen estéril e gasto de uso amorfo
o relógio marca a hora menos um
e saltamos de novo para o barco
sem leme nem estibordo
nem estrelas que alumiem
..o céu chama-me e subo leve, ícaro renascido no esterco do fim..
juntos nascemos

10 de julho de 2007

cocktail

vertem-me pelos olhos adentro
as cores invisíveis
que te anunciam
alto e bom som
és jazz e blues
e música experimental

vampiro da pele
os caninos sedentos
esfolam palavras verdades
e apagam o dicionário
à luz do medo

letal o cocktail
porque demasiado verbal
na ausência de diálogo

relógios parados

desvanecido num mar de coisas
pilhagem frustrada do absoluto
que se almeja

são os gumes rombos
que sangram
nada

são os ecos
que enchem o cálice

partido

os relógios parados
e o puto revolta-se
mas não sabe
o que é isso, a revolta
apenas a fuga

a preguiça do fim da inocência
rolamento partido
a roda rola no vazio
e chia alto

9 de julho de 2007

némesis

nem consegues já olhar
o nojo que és
falas na terceira pessoa
como se fosses um insecto
que desejas pisar

sou eu
a tua némesis
o teu sonho acordado
aquele de quem foges
na luz acesa
e a quem no escuro
te entregas

as caixas formatadas
a fita cola
olham para ti
e desfazem-te as entranhas
no medo da permanência
e no olhar esgazeado
do desespero

é o vento quem te salva
por instantes
mas é apenas na noite
que existes
e és..

sim, sou eu
falo-te para que não te esqueças
da promessa que a ti fizeste
de nascer

haiku primaveril

o sangue nasce
a carne fica, pára
impune, sorri

deus calado, vê
não chora pois os mortos
vingam os vivos

a terra cinza
e o céu abre falhas mil
adorno a fuga

jaz vil a razão
a tempestade fiel cai
falsa memória

apago os olhos
a mente voa sem nuvens
morro sozinho

8 de julho de 2007

dicotomia do ser

és o cancro
que tudo destróis
qual parasita supérfluo

és o poço
onde o amor cai e desaparece
e a razão não tem razão
nunca

és terra estéril
por onde o vazio
vai semeando nadas
e colhendo ódio

és a merda do mundo
repositório de ti mesmo
e daqueles que com fervor
inexplicável odeias

és o lixo que pisas
sem olhar o chão

és isto que olhas
no espelho rachado
pelo grito que nunca saiu
e que vais remendando
com os dedos em sangue

és orgasmo fingido
coito interrompido

és o amor esquecido
que te foge
sempre que corres para longe

és o nada que temeste
que te apagou o pensamento
e abreviou os sentimentos

és este pouco
que nem reconheces já

6 de julho de 2007

noite fora

é a queda do absinto
que me faz ver
cores que são só uma
noite de algazarra e perdidos
encontramos caminhos novos
por onde nos perder

clandestinos da vida
e heróis de filmes a grão
ladeiam as entradas
por onde saímos do frio
e da maior solidão

as janelas que nos olham
e nos bebem a cerveja com os olhos
estão lá!
fazem parte da pintura
e dos pintores
e da noite por eles traçada
a cores e música e vozes
e álcool

e é dioníso
quem nos dá a mão e nos guia
para não nos perdermos

tempestade

a neve afunda-me os pés
e o hálito quente não me chega
para esta noite enterrada
num caixão atraente
mas desprovido de sentido
e nem a lua distante me dá guarida

é perdido no meio do frio
e dos pedaços de vazio
que me molham a face seca
que avisto o teu telhado
e o teu fumo espesso e quente

não tenho a chave
encosto a minha alma â porta
mas o peso ainda assim não chega
para derrubar a liberdade
que carregas no calor
do sangue

arranho e desespero
esmurro o medo
mas ele não quebra
esperneio e esbracejo
estou surdo e cego
para a lareira que queima sem o amanhã
da minha cegueira
e da minha surdez

fico mudo â janela
como quem espera
pelo placebo

o reflexo no vidro
não me responde
ao que não pergunto
e a neve cai molhada

4 de julho de 2007

os putos

os putos roem o tempo
e galgam o mundo
cozem ressacas ao sol
passageiro
e os instrumentos que tocam
são mudos

na esquina de uma vida
à espera
da rua larga que não chega
da viela conhecem os recantos
e as sombras
e os vizinhos quentes
e comestíveis

a lua acompanha o sono
descoberto do manto da esperança
ou o oleado é fatal

os sonhos não passam da ombreira
e matam de esguelha o presente
e quem não vê?
e quem não ouve?
somos nós que vivemos
e somos nós que esquecemos
porque não temos a força
dos putos

saldos

o açaime arranha-me
tolhe-me os movimentos
e os amanhãs

é tortuoso o labirinto enfrentado
e tem raiva de quem lá entra

a alma está em saldo
mas ninguém compra
nem quem por lá passa
e gosta do que toca e vê

as cores são poucas
mas as tonalidades infinitas
o modelo está fora de moda
e não cabe na realidade

enfentado o medo
o que resta?
o vazio completo da derrota
ou o sabor do nada?

3 de julho de 2007

soltas à beira mar

o mar está pacificamente revolto
anátema familiar
a rede não capta porque vazio

...

não necessito ler-te o olhar
apenas aperceber a fuga ao horizonte

o teu amor espraiado

neste lugar estranho
que habita a minha alma
e que vieste ocupar sem renda
nem prazos

estava prestes a enfrentar
aqui e orgulhosamente só
a bola maciça da destruição
sem retorno

o devoluto coração meu
desabou no espaço vazio
que em ti encontrei
e agarrei

o jornal não me dá notícias
a televisão avariou a vida
a música não saboreia
a solidão

apenas o silêncio ofuscado
e o branco que escureço
me dizem o teu amor
espraiado

débil verbal

esse desprezo que sentes por mim
nasceu onde?
da desilusão?
não que eu não conheça já esse olhar
mas não o pensei ver em ti
tão cedo pelo menos

a cobardia da escrita
em vez das palavras
compreendo-te afinal


arquivo ?

mas

contido em todas as histórias
que merecem ser contadas
existe um mas
inultrapassável este?

fica a questão assim no ar
à espera da resposta que não conheço

as duas pedras que se acordaram
com o nosso encontro
reencontro?
menires esverdeados do tempo alheio
que se lançam na correria da vida
redescoberta
descoberta?

presságio de coisas finais
e repetidas porque não sabemos
como não fugir

seria bom no entanto
que tudo ultrapassasse
o domínio da habitual alucinação
e algo tangível surgisse
do nada que eu criei
do nada em que me tornei

estados de espírito paralelos
para que me amas quando me odeio?

the ones that get stronger

driveway of my desire
always u-turns not found
can´t turn back from you
past mistakes inside abound
still can´t learn anything
is it a dream? is this real?
always more songs to lament
cut the sound change the reel

the songs that are never sung
the words that are never spoken
the hearts that are always broken
are the ones that get stronger

pathway to a forsaken land
a romance to get lost in
still wounds are never mend
and the romance dies within
i still can´t seem to learn
you´re a dream are you real?
always this fucking lament
kill the sound burn the reel

the thoughts that are never free
the heart that´s always in me
the songs that are never sung
the words that are never spoken
my heart´s always the broken
and still i can´t get stronger

cantilena

tardes noites dias sem fim
nesta manhã nevoenta
mais um dia que não passa pela alegria
e felicidade de sentir algo
perfeitamente bom
sem merdas sem dúvidas
sem porquês
a paz portanto

o rato que rói a rolha da garrafa..
cantilena foda-se
outra cantilena que não esta
preciso de nova banda sonora original
para o género terror da prateleira
a que volto vezes sem conta
mas não fico sem cartão?
não me barras a entrada?
ensina-me novas canções
por amor

verde curto

és verde e pareces uma boa queca
esse cabelo curto e essa voz descompassada
e sumida a pedir-me lume depois
da mútua observação em passo apressado
estás a fumar aguardas algo parece-me
levanto-me ou escrevo-te na distância
um elogio e uma pergunta são técnicas
que aprendi na já longínqua infância

...

levantas-te então de repente e nada fiz
e entras no vermelho que vestes por fora
esse teu corpo que era doce chamariz
tem travo amargo da eterna demora
quem sabe se nos vimos pela vida fora
sei que te fodia assim sem mais pensar
difícil mesmo é arriscar uma derrota
vida torta que me deixa a divagar

miradouro

a percepção que tenho é a da raiva
omnipresente e sempre crescente
a vida que vejo para trás engole-me
o futuro que fiz por manter ausente

não serás tu que mudarás o presente
o céu encoberto deixa-me um espaço vazio
que agarro e mordo com unhas e dentes
a tua lembrança esconde-me ainda o frio

mais um cigarro que me saliva o palato
e mais um dia que nasce sem mais porquês
as torres distantes perguntam-me o olhar
mas não sei porque da melancolia à mercê

aqui neste meu miradouro que já foi nosso
nem que por instantes nunca compreendidos
a batida e as palavras a cuspirem sangue
ao meu juntam-se quatro corações fodidos

o meu teu nosso anel esquecido na pressa
de quem salta do sono para o pesadelo
a estufa aguenta-me o olhar sempre baixo
o céu encoberto cola-se agora à pele

mais uma vez arrisco olhar o horizonte
o que vejo mata algo profundo dentro de mim
não será este o caminho possível da salvação
os demónios que usam esta alma dão-me o fim

in the shades

the hallucinogenic power
of the honey we force
upon ourselves, it just
empties itself, and strokes
a chord upon the shelf
look at the horizon
and see what´s not there
wallow deep in the poison

swallow the pain and fear
the accidents we parry
still scar the interior
and mistakes we carry
will take us far deep
upon the growing hate
hide it in the shades
live it in the shades

straight out to kill it
no more holes to stay in
straight out to kill it

1 de julho de 2007

tu

nunca imaginei conhecer alguém como tu
não é em vão que em ti perdi a razão
e qual coisa estranha que se entranha
e toma conta deste ser como uma visão
alucinada e drogado em ti como estou
o discernimento a realidade apagou
és vida alma sentir e tudo em mim
em ti procuro dos meus dias fazer fim
completa sensação de conhecimento
mútuo e perfeito esclarecimento
da razão da respiração e do coração
ainda bater com força e tesão
renovada apoderado pelo teu cheiro
e olhar e saber e tocar estou cheio
de ti e dessa alma que me toca e renova
e sem dificuldades a minha prova
não te sei dizer em poesia pura
o que te amo e falto e ainda dura
este sentimento apercebido cedo
e em ti esqueço o eterno medo..

the songs in my head

the cars swerve by me
i´m lost and free
in the absence of dreams
i found serenity
found peace and comfort
deep within oblivion
i´d never thought it
just had to find me

fields of emptiness
surround my mood
and there´s not a chance
anything will ruin
this reel of becoming

the wretch i became
won´t ever find me here
this space of neon blank
is mine and thoughts free
tall lights of dark
still linger about
but the moment i wake
for the empty i´ll shout

fields of emptiness
surround my mood
and there´s not a chance
anything will ruin
this reel of becoming

all the songs i hear in my head
are within me since i was dead
the moment i wake up from life
once again they´ll be there
and the music plays on my birth
the words wake me from slumbers
feelings disappear just when
inside comes creeping death

all our time disappeared

the one paradise we lost
won´t come back anymore
we knew we had to be strong
but choices became so wrong

we fell prey to the anger
buried deep in our hearts
and all the hunter´s envy
doomed us from the start

so don´t come whispering
words i don´t wanna hear
all our time disappeared
in the mire of our fears

the paths now that we choose
will stray us from our loss
and the memories we lose
will act as a sour cost

the salted seas left behind
and the candy left in you
will be nourishment enough
to overcome being the fool

so now don´t come restoring
portraits i don´t wanna see
our time has disappeared
along with broken dreams

distance became such
an easy burden to bear

sem título

és a chama que me alumia a alma
bêbeda nessa calma
tresloucada de opiácea alegria
que contagia
e devaneia
e este fogo ateia..