6 de julho de 2007

tempestade

a neve afunda-me os pés
e o hálito quente não me chega
para esta noite enterrada
num caixão atraente
mas desprovido de sentido
e nem a lua distante me dá guarida

é perdido no meio do frio
e dos pedaços de vazio
que me molham a face seca
que avisto o teu telhado
e o teu fumo espesso e quente

não tenho a chave
encosto a minha alma â porta
mas o peso ainda assim não chega
para derrubar a liberdade
que carregas no calor
do sangue

arranho e desespero
esmurro o medo
mas ele não quebra
esperneio e esbracejo
estou surdo e cego
para a lareira que queima sem o amanhã
da minha cegueira
e da minha surdez

fico mudo â janela
como quem espera
pelo placebo

o reflexo no vidro
não me responde
ao que não pergunto
e a neve cai molhada

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