8 de julho de 2007

dicotomia do ser

és o cancro
que tudo destróis
qual parasita supérfluo

és o poço
onde o amor cai e desaparece
e a razão não tem razão
nunca

és terra estéril
por onde o vazio
vai semeando nadas
e colhendo ódio

és a merda do mundo
repositório de ti mesmo
e daqueles que com fervor
inexplicável odeias

és o lixo que pisas
sem olhar o chão

és isto que olhas
no espelho rachado
pelo grito que nunca saiu
e que vais remendando
com os dedos em sangue

és orgasmo fingido
coito interrompido

és o amor esquecido
que te foge
sempre que corres para longe

és o nada que temeste
que te apagou o pensamento
e abreviou os sentimentos

és este pouco
que nem reconheces já

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