4 de julho de 2007

os putos

os putos roem o tempo
e galgam o mundo
cozem ressacas ao sol
passageiro
e os instrumentos que tocam
são mudos

na esquina de uma vida
à espera
da rua larga que não chega
da viela conhecem os recantos
e as sombras
e os vizinhos quentes
e comestíveis

a lua acompanha o sono
descoberto do manto da esperança
ou o oleado é fatal

os sonhos não passam da ombreira
e matam de esguelha o presente
e quem não vê?
e quem não ouve?
somos nós que vivemos
e somos nós que esquecemos
porque não temos a força
dos putos

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