11 de junho de 2007

1

um túnel que vislumbro ao acordar
repleto de olhos negros na escuridão acordada
do meu sono

uma luz que não me tranquiliza
nem me capta os sentidos pouco despertos
adormecidos no eterno

um olhar cheio desse vazio meu
mas também nosso pois o botão messiânico
não funciona

um sussurro alucinado na noite
uma audição que se faz surda
pois recusa-se

um grito de desespero que não ouço
e que me assusta na sua ausência em mim
pois lembra-me a tua

um pesadelo que responde às coisas
que não se perguntam pois têm resposta
dentro de mim

um pânico do vazio que se conhece
como escapatória do real doloroso
que se torna mais

um medo que consome a vida no temor
de algo mais que a transferência
de sentimentos alheios

uma vida sem morte possível na falta
de uma vida sem a morte como fim
e como salvação

uma morte desejada como paixão nova
pois luz ao fundo do túnel da miséria
e da escassez de tudo

um sono que regressa no conhecimento
de outros sonos pouco momentâneos
quase umbilicais

1 comentário:

Raquel Antunes disse...

Do umbigo para dentro... Não sei! Isto foi uma intro ou extro especção?!

Bj

Racas