3 de junho de 2007

naufrágio da loucura final

catrefada de estupidezes que me invadem
bisca lambida do destino inerente à vida
que se vive com demasiados porquês

mas olha, já te dizias a ti próprio
ainda no outro dia estavas vivo
e agora de novo te sentes morto
mas afinal como é?

o capitão deste barco já saltou borda fora
porque nos agarramos ainda ao cordame?
não somos todos ratos afinal?

acidentes oníricos lambuzados de esperança
induzem-nos na realidade televisiva
do sentimento mastigado e digerido e cuspido e vomitado e defecado
e mais uma vez mastigado e etc.

o imediato já tomou conta
apenas fosse verdade
na realidade em standby
o gajo foi-se com o capitão
e ambos estão neste momento
a ver-nos na televisão

esquizofrenia radiofónica
pois tenho os olhos fechados
fechei-os quando me pensei
e quando dentro de mim te matei
e apenas mais um morto me revelei

procuro ler então fora do desespero que já toma conta de mim
mas já os coitados dos ratos roeram os livros todos
e agora as páginas restantes zombam da minha facilidade
em me desencontrar

a tripulação enlouqueceu
o jantar está pronto
uma réstia de sanidade
faz-me sentir o calor
o fogo lento arde o céu
e isto que queimo sou eu

nas cinzas do tempo que rui
encontro um velho papel carcomido pelo tempo gasto
procuro as letras anciãs desconhecidas
na esperança vã de um vislumbre de algo tangível
mas não conheço esta nova semi-linguagem

grunho então de raiva
e já não sei quem odiar
carradas de ideiotas
percorrem-me a mente
e esqueço tudo no esquecimento

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