27 de abril de 2007

pequeno menino

pequeno menino assustado
assustas-me assim tão
frágil dentro de mim
choras na noite escura
não há nada mais desesperante que chorar sozinho
cresce-me um tumor a pensar nestas coisas

o inoperante desejo de uma carícia
o medo de falhar o amor
o pânico dos suores frios
do engolir em seco para que as lágrimas não vertam mais

sozinho na noite e assustado pequeno menino
que vive dentro de mim
uma vida de pequenos e grandes nadas
vago ser que ninguém quer ocupar
como poderia ser de outra forma se o homem que nunca cheguei a ser há muito partiu?
como encontrá-lo de novo em mais uma noite de perdição e desencontros?

poeta nunca serei pois falta-me aquele saber das palavras de quem acredita nelas
todas me dizem medo
como viver uma palavra só?
mesmo que fosse o amor?


arquivo 2006

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