27 de abril de 2007

comédia humana

nada me preparou para o choque de viver
assim é fácil morrer
assombrado pela comédia humana
divertido pelos seus infinitos cambiantes

nada me preparou para a morte dos ideais
ideologias e autofagias
aconselham-se todos os dias
violam-nos a sorte
o azar de estar vivo
mil vezes a morte
mil vezes o eterno estalar do chicote
sobre as costas da primeira estrela
a vida em troca de nobres ideais
que destilam atrasados mentais

nu em cima do palco
um palhaço triste de shakespeare
tenta sorrir mas em vez chora
não sabe porque a morte demora
e nada mais me apavora
porque sei que nada é fado
enquanto tudo se desmorona
à minha volta
lenta e graciosamente
focado pela bela lente
que nos tolda a memória


arquivo 2004

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