23 de abril de 2007

o hábito

sinto então ressurgir aquele sentimento de pós-nada habitual nas minhas emoções. como se estivera num quarto vazio onde deverias estar tu. isto não pode ser amor. nada no que sinto me agrada para lá do sentimento de pertença que não partilhas. mais uma vez. és a minha musa inexistente. criei-te para te substituir neste habitual jogo de espelhos esquizofrénico com que entretenho a minha vida morta. não é tua a culpa nem do mundo que culpo. é apenas minha, de não saber viver sem amar, não sabendo amar. mas eu sei amar, não sei gostar, apenas. prevejo então mais uma insónia de noite branca. é a dormir apenas que te consigo esquecer, julgo eu, pois os meus sonhos há muito partiram para o limbo do meu esquecimento. palavras sujas e nuas que ainda assim não chegam para explicar o começo da minha dor. este odioso espírito que me habita conseguiu, sem esforço, encontrar na mulher perfeita que és para mim, mais um gatilho de autodestruição estúpida suicida demasiadamente repetida. apetece-me gritar de dentro para fora numa fúria inspiradamente libertadora e descastradora de toda a paixão que tenho para te dar.

Sem comentários: