11 de maio de 2007

o ódio do puto

janela baça de cinzento preto
grades invisíveis rodeiam o ódio
prendem-no
agarram-no sem o deixar fugir

das vezes em que algo seria
nunca o é porque o ódio fala sempre mais alto

negrume
cinza em que se afunda
o morto que ainda se julga vivo
o cadáver putrefacto
o renegado
de si excomungado
ostracizado pelo ódio
sempre a merda do ódio

o homem que se julga isso, homem
sem o ser pois o ódio
corta-lhe as veias
sangra-lhe o coração
esvaziado já de tudo

cabelos caídos num cancro letal
pulmões vivos no tumor
coração morto no temor
da vida que se assusta
e assusta o homem
que ainda se julga homem
sem o ser

um puto
sem futuro
nem passado
morre o presente
na vida ausente

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