esta Babel em nós
desperdiça-nos o futuro
mil palavras vazias para escrever o desespero
nesses corações tão vazios de alguma coisa mais tangível
que o silêncio que ainda nos separa
castrados por um deus impotente
e por homens ejaculando nódoas morais
Auschwitz intelectual
o horror normalizado
o ódio mora aqui ao lado de nós
e dentro de nós se instala
o sentimento conceptual
de odiar porque sim
Sodoma lipoaspirada
do prazer ténue mas real
do gasto fácil de mais um esperma
do calor a enregelar em nós
do futuro cancelado sem devolução
últimos morremos
explodes miséria
corrompes sangue e o amor
és Jerusalém dos mortos-vivos
que se enfrentam no vazio
das almas
essa Lisboa que é tão minha
como distante me está
bandeira do que sou e escrevo
analfabeta e suja parida
lavada por temporal sísmico
de gravata e tão rota..
23 de maio de 2007
as cidades do fim
Vomitado por saenima às 01:45
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