30 de junho de 2007

o que não tenho palavras para dizer

volto a ti em mais um reencontro
do ponto g do afecto
e deste amor estranho sem definição possível
que nos reune

és alma que me prende
mesmo que a minha vontade fosse outra
a fuga impossível e risível
pois as minhas forças não chegariam
para te ultrapassar no coração
reanimado

és fado e destino
cantada nas palavras silenciosas
do branco tranquilo e desafiador

és tudo o que não tenho palavras
para dizer
e és algo profundo no meu ser

olho-te agora no teu desconhecimento
e sereno porque familiar o sentimento
trago-te dentro de mim

esplanada

o sol não me chega para te iluminar a ausência
a tua oferenda queima-me a pele branca
cicatrizada no vácuo
a caixa amarela da solidão acompanhada
olha para mim com olhos carentes
agarro-a mas não me desfaço dela
o piano já chegou à hora morta
e como desejava que o ouvisses como eu..

o viaduto não me dá descanso ao olhar
mesmo quando na sombra o pouso
para não ver mais
a multidão já forma um círculo
perfeito na invasão
e o tango surpreende-me inesperado
no esperado fim da minha viagem autista

são estes os teus momentos que não partilhas
longa pausa analítica na procura de percepções
e ainda assim o peso é demasiado para as palavras

permanente

estas lajes que piso
o ar sujo que respiro
a paisagem em movimento
num retrocesso lento
a criança abandonada
num instante feliz
os ratos na estrada
no futuro que perdi

o relógio incessante da fuga dos tempos
introspecção cauterizante dos muitos lamentos

o som lascivo da esperança
e a tentação latente na dança
da macabra pequenez insensata
que a sombria mente não dilata
ou os olhos abertos ao coma
ouvidos surdos ao dogma
à bílis dar sentido lato
em cada único retrato

o sentimento escalpelizante dos tormentos
num fundilho emocional que escorre lento

foder tudo num instante brutal
e a massa odiosa tornar banal
esgueirar as palavras na música
e do verbo fazer músculo
desejo de abraçar o caos
ou libertar a psicose
das vísceras libertar o mal
e tudo destruir com a morte

o ódio como pano de fundo desse tempo
que me suga o tutano da eterna dor latente

29 de junho de 2007

no shields

the road opens
the sky smiles to me
the wind beckons me to restart
fifth gear and there we are
ride free on autobahn 66
riding free on silent dreams
of futures yet to become
sky road and we as one..

paralysed

history repeats himself
blind and deaf from the start
he doesn´t see himself
amidst the hate in his heart

he´s oblivion bound since birth
the bluest reaches await him
the fear blinds him his worth
and the pain deafens within
to the cries of his dying soul
never again will he feel whole
since the loss of a lifetime
of memories his chest never wore

how can he be one again?
how can he feel no pain?

sad child

these beautiful green eyes
reflecting on those of mine
are you a serial killer?
or lying on the soft side?

tell me how to know you
cause these gasping breaths
on your sight, they slow
my heart in your steps

innocent and sad child
how can your eyes be so lonely?
how can they look so old?
how can i turn my heart so bold?
as to enter you sad child

never thought to find you here
this of all forsaken places
amidst the coffee and beers
shine amongst faceless faces

so quiet and yet so alive
smile that sunshine smile
just for me, you know that
in the end you´ll be mine

do you feel the wind coming?
bringing hope to soft hearts
strings of time bind together
once just worlds apart

demência nocturna parte II

onde estás agora que tanto preciso de ti?
algures na merda que mais uma vez fiz?
ou já no esquecimento que me envolve o lar
da mente distorcida?
os gritos atormentam até a mente mais sã
o que dizer da demência que aqui habita?

onde está o sentimento de osmose
que partilhámos na nossa simbiose?
e era nossa

ou a proximidade do nosso afecto
que sem esforço fodi como o resto
que me deste antes mesmo de to pedir?

onde estás na minha ânsia de partilhar
este momento meu?
teu porque to quero dar
e porque comigo lutaste

...

o desmembramento habitual da realidade instável
o esforço demasiado da semi normalidade
colhe os frutos mais negros
e desaba

a raiva não é em vão
opressiva
negadora do medo porque não deixa espaço
o conforto de desligar as sinapses
toma conta de mim
e alheia-me de ti

a luz negra que não ilumina

hematoma amnésico
caixa embalada na formatação
prédio destroçado
na ruína do passado esquecido
folhas caídas na primavera
do desespero
e do desprezo

as ligaduras começam
a falhar o som
e as palavras

o curativo esquece
o sangue seca
e as veias murcham
o metal toma conta
do pensamento
e da língua
viperina porque inerte
o fel substituto
da razão

e porque não ligas
as feridas
é possível que esteja já fechado?

entra
está aberto
mas olha onde pisas
a areia é movediça
e está com fome
de algo que seja
vivo

o aviso é breve
nunca ninguém aqui passou impune
e a lua não descansa

naufrágio

silêncio forçado
utopia enganada
atrofio seleccionado
peito cansado do nada sentir
anseio do teu toque
da tua chama
não nego, a tua cama
chama-me
dama da minha alma
essa tua calma
que queima e sufoca
e me provoca

o desejo move-me
contra ti
contra nós
as paredes asfixiam
a música não esquece
isto não adormece
não desapareces
vísceras
razão
sentir
alma
karma

foda?
não
tu é que não vês
porque não mostro
nem a ti

mas a distância é real
foco assustado
na dimensão brutal
da loucura
e do medo
os ratos fogem
agarro-me ao fundo
e desapareço

26 de junho de 2007

o nosso (...)

o teu abraço apaga-se
na intensidade final do fim
e esses beijos fugazes
deixaram marcas em mim

o nosso (...) é estranho
sinto-o quase um engano
falta-me apenas descobrir
qual de nós está a mentir
no abandono tão difícil
de uma condição servil
a um coração quase senil
que ladra em vão no canil
desespera pela injecção
que a liberte da solidão
conhecida demais em mim
escondida bem dentro de ti

era aquele teu abraço
tão característico o traço
o (...) aquecia-te o corpo
o beijo sumia-me aos poucos
mas a distância chegou
e o nosso (...) pisou
e agora sinto o vazio
que a puta da vida pariu
e a raiva ainda cresce
o desespero floresce
mais sete dias passaram
as nossas almas contaram
na esperança da diferença
do fim da minha doença

25 de junho de 2007

o porquê das palavras

é a página branca ameaçadora
porque me conhece melhor
que o meu eu consciente

e és tu que me olhas
por dentro do meu karma
fodido e mal aceite
de coitado sem cair de maduro
do pedestal que odeio
porque meu

e sou eu que te olho
sem ver o desesperado
reflexo do desassossego

e é o negro confortável
porque castrador da acção
e do risco e da perca
e de qualquer coisa que não isto
que vês e não aceitas
porque amas mais

e é a realização lenta
inevitável certeza de ti
dentro desta alma
que pões a nu (quase)

e é o mundo nojento e belo
que não vê o que sangra
pela ferida interna
desligada da tomada
do suporte de vida
do coma

e somos nós
sem palavras porque as consumi
no interior escavado
pelo silêncio de quem foge

e somos nós no palco
da minha dança macabra
com a vida

23 de junho de 2007

estado de alma do dia

não tão negra a alma hoje..

a culpa é tua, sabes?

já era tempo do guardador da minha alma ser outro que não eu..

adormeceste-me

adormeceste-me..

junto a mim fugiste para os teus sonhos
onde espero encontrar-te

catraia adormecida
pequena e frágil
mas tanta vida nesse coração viajado
e nessa alma estranha
volátil

branca negra cabrita
saltaste para onde não te esperava
onde não esperava já ninguém
da cerca que ergui fizeste gato-sapato
e sem o quereres
sublimaste o vazio

dorme..
eu descanso em ti..

21 de junho de 2007

os amigos

lá fora o sol sorri amarelo
mas aqui no conforto subtil
dos bancos corridos pelo tempo
a companhia da melancolia
é mais um copo vertido

os amigos
apêndices necessários da vida vivida
e os copos que se confundem
com os cigarros muitos
e as conversas em velocidades variáveis
adormecidas ou a fugir à multa
ou ainda em velocidade cruzeiro
no hábito dos ritmos conhecidos
e dos caminhos familiares

na tasca
noites cheias de dias distantes
recuerdos das férias de um presente
nem sempre disponível para mais
um moinho que se ambiciona
para lá do adamastor assustado
ou uma parede branca de tantas estórias
repetidas na saudade de outras cumplicidades
ou as estupidezes que se aceitam
porque fazem parte

ou os nomes que se conhecem no silêncio
e os que ficaram para trás porque
a vida foi mais forte
e ainda os que não couberam
no futuro de que falávamos
quando fugíamos para longe

os que se descobrem nos escombros
da batalha-vida
e que nos redescobrem para nós
quando já o esquecíamos de fazer

a todos eles levanto o copo
e bebo uma garganta cheia
de passado, presente e futuro
e mais alguma coisa que por aí surja..

19 de junho de 2007

as horas

as horas do desespero não enganam
são sempre pungentes sem amor possível
apenas os olhos vivem no mar dessas horas vidas

o brilho negro ofusca a paisagem distante
do sentido dos afectos
e o id sufoca o real
que sobrevive das aparas vermelhas
que correm lentas

terra queimada pelos passos do monstro
de nome sussurrado no sono
de que se foge em constante delírio
para que nomes?

o grito que não sai
as palavras que ardem
as águas que se fecham na vergonha
os cigarros que se mastigam sem amanhã
os olhos que se fingem
a salvação por que se anseia sem saber
o vazio que devora tudo..

o tempo que tudo corrói

as palavras secam na fonte

no cálice da incerteza
as gotas teimam em escorrer
sem que eu as veja por cansaço
de mais uma vez

o fumo preenche o meu ar
à falta do teu

as veias escondem-se no medo
da sangria do tempo
e no temor
de mais uma vez

a promessa soa falsa
mas procuro a verdade
nela contida
encontro-a na proximidade
do abandono renegado
ao mundo dos mortos que sentem

queria dar-te vida
insuflar-te da minha alma
uma vez que fosse

14 de junho de 2007

limpeza de stock

idólatra herege
palhaço triste
contente com a mesquinhez desoladora

...

não é a chuva que me curva os ombros,
é o teu peso na minha solidão..

...

não penses que me desligo de ti
apenas não sei o que te dizer
quando não te posso dizer
o que sei sentir por ti

...


queria ser o teu mundo mas não estou na vida certa..
por ti sinto-me tentado a acreditar na reencarnação, sabes?
enfim, tolices de um órgão velho, doente, de novo trazido à vida pelo teu rapto..

cálculo mental

luta diária
batalha solitária
inimigos caem aos milhares
mas o fim evade-se

a bandeira ao vento solto
o horror nos olhos espelho
e a tristeza dos fins
o grito mudo na voz sem alma
a pele queimada pelos anos
a carne podre pelos enganos
apatia sempre insistente
sintomas da degradação evidente
deserto cheio de emoções compradas
bizarria calculada
e o habitual nada

tudo isto sem o abandono
do desconforto da paralisia

rage against the machine - freedom

um breve post para celebrar o regresso da banda mais relevante dos anos 90, com a esperança de que tenham voltado para ficar..

faziam já muita falta mesmo..


13 de junho de 2007

h2o tu

curiosidade dessa alma
fascínio do jogo dos próximos
tão opostos como o teu sol da minha lua

a torneira do afecto avariou
e agora encharcado procuro mais
seco o interior sequioso
bebo à exaustão

...

o eclipse de ti mortal
a inundação torna-se

o inevitável mal estar atenua
e canto-te mais uma vez
apesar dessa surdez
que apenas eleva o meu grito

esgotado
procuro ainda a rocha
o dilúvio quase sufocante
não agarro

fim de tarde na tasca

sentado aqui ao canto da tasca
com um copo de tinto escorregando da mão
adormeço ao som das conversas
que se deitam fora entre amigos

lá fora o mundo está cravado
dessa injustiça humana
mas aqui tudo o que existe
são almas próximas no desengano
de mais um copo partilhado

o balcão cospe fogo em copos
e as colunas despejam palavras
de intervenção afectiva

os convivas conhecem-se já
e as zangas morrem rápidas
a política dissolve-se
os futebóis não se zangam
e as gargantas nunca secam

fecho os olhos lentamente
e desligo a cansada mente
o conforto invade-me o corpo
e o copo escorrega no chão

12 de junho de 2007

schizo

patrocínio da loucura
o oito é o número da paz
tranquila e esquiva

metódico esquizóide
paranóia veloz que corre
para a ponte queimada

neurónio apagado na luz
demasiada do momento
infravermelho real
gravação banal

assinalado outro fim
novo recomeço ameaça
a realidade desaba

...

trapézio da sanidade pouca
retrato real da realidade
vivida ofuscada pelas luzes
vinte e quatro horas por dia
porquê a insónia do mundo?
seria melhor se dormisse um pouco
está com cara de sono
e fazia-lhe bem..

11 de junho de 2007

1

um túnel que vislumbro ao acordar
repleto de olhos negros na escuridão acordada
do meu sono

uma luz que não me tranquiliza
nem me capta os sentidos pouco despertos
adormecidos no eterno

um olhar cheio desse vazio meu
mas também nosso pois o botão messiânico
não funciona

um sussurro alucinado na noite
uma audição que se faz surda
pois recusa-se

um grito de desespero que não ouço
e que me assusta na sua ausência em mim
pois lembra-me a tua

um pesadelo que responde às coisas
que não se perguntam pois têm resposta
dentro de mim

um pânico do vazio que se conhece
como escapatória do real doloroso
que se torna mais

um medo que consome a vida no temor
de algo mais que a transferência
de sentimentos alheios

uma vida sem morte possível na falta
de uma vida sem a morte como fim
e como salvação

uma morte desejada como paixão nova
pois luz ao fundo do túnel da miséria
e da escassez de tudo

um sono que regressa no conhecimento
de outros sonos pouco momentâneos
quase umbilicais

t. m. v.

gotas eléctricas contrastam
com o coração ondulante
cascata de praia
na percussão reinante
o coro helénico
modela o diamante
palavras cuspidas
alma exangue

três minutos

noite negra da solidão
que acompanha a paixão insatisfeita

tens já um nome para mim
és o amor
foges-me já
por entre os meus dedos escapas
ampulhetas rotas

ladrilhos amarelos
esmurram-me ao sangue jorrado
de uma vez por todas

a sombra escassa
é tudo o que sou
três minutos e o fim chegou
a vida assim formatada
num conto de fadas

a tinta escorre
mas a alma está seca
o sangue congela e o mundo pára
a noite não acaba
a luz não me adormece
tu não aconteces

8 de junho de 2007

manif (bate palmas)

está na hora da morte dos canibais
e parasitas que se regozijam
com o banquete dos imortais
cuja ditadura tanto os aflige
esse muro há muitas eras erguido
será deitado abaixo com sangue
os abutres vivem do nosso tutano
mas os putos já estão exangues

desliga a merda do rectângulo
mais um esquema mais um ângulo
vamos fazer um novo ideal
a morte da inépcia mental
e do cancro que nos consome
àqueles que vivem da fome
àqueles que a raiva não mente
é preciso sarar essas mentes
de palavras reais carentes
de lìnguas que não mentem
de homens que ainda sentem
humanidade cá por dentro
abre os olhos estás doente
a demência tomou a tua mente
não penses que estás inocente
a inocência foi à frente
das baionetas dos dirigentes
desse mundo que não entendes
nem amas nem gostas nem sentes
como teu porque to roubaram
como a tua vida te tiraram
e o teu futuro já mataram
assassinaram aniquilaram
e o teu passado limparam
para melhor te enganarem
e ainda mais te roubarem
como orwell já te avisara
e kafka já imaginara

falam muito parecem araras
não dizem nada sem almas
são vazios sem o cifrão
com o dinheiro masturbação
com o dinheiro desunião
e pelo dinheiro cairão
ninguém lhes dará a mão
o que semearam colherão

6 de junho de 2007

assim..

olho as cores desconhecidas
olho seres que se movimentam
sem que algo em mim faça sentido
senão este vazio
do teu rasto

ouço sons que se assemelham
a algo familiar
mas tu não estás cá
para me explicar
o que significam

sinto o suor na pele
e o frio que eu deixei em ti

estória repetida
o ego suicida
levantou-se e conquistou
mais um espaço de paz

agora as ovelhas não passeiam mais
nem o peixe sabe onde está
os bichos mil agora são zero
a extinção foi total

uma noite

lua anárquica no meu fluir
pela rua deserta de seres mais humanos
foges-me sempre que te procuro
com os olhos escurecidos pelo cansaço de desviver
e abstractos olhares deito então ao chão familiar
de outras fugas

as estrelas invisíveis
entre os néons que rolam
como balas perdidas
já não me fascinam
como na vida que tive

desrespeito pela métrica dos passos
e pela direcção conhecida
os candeeiros olham-me de lado
cumprimento-os antes de fugir
da sua luz inquisidora

os escuros becos magnéticos
os recipientes do fim anunciado
os brilhantes olhos cúmplices
os outros eus
os motores frios
as estradas desprovidas de sentido
e os latentes apêndices de cimento
todos me conhecem já
na companhia de mais uma noite vagueada

de ti onde?

parede em sangue
buraco infecto da alma evacuada há muito
a ilusão acaba
rápida como o desespero já habitual
não sabias afinal que o caminho estava armadilhado
e que a carne é demasiado fraca para o tamanho da carência

senti
por momentos teus isolei-me de mim
e senti

espiral
do fim iniciático

o espelho
aperitivo de ti
reflexo enganador

a desilusão faz parte de mim
negro pois invisual
eu porque cego de cão
de vida em vida falsas
de ti onde?
de ti quando?

5 de junho de 2007

song to the hope inside

the fastest way out is always mine
the easy way out
alone i pine
for the things i never crave
all those things disappear
right in front of my eyes

the ones i hate are always mine
the easy way out
again i cry
for the ones i never saved
all those thoughts reappear
now that i´m left behind

there´s something else here
amidst the pain and fear
a feeling of uneasiness
like i´m becoming less
an empty glass and a full
headache of nothingness
a full ashtray and some
thoughts i still caress
in this frozen broken path
i chose out of cowardice
like you would ever last
inside this fuckedup id
a neverending nightmare
and a pocket full of me
a mind that won´t care
again i feel the scream
that escapes from within
my own limbo divided
reaching out to anything
now in me you subsided

the fullest pain is always mine
the easy way out
alone i´m found
inside you i couldn´t stay
in darkness you disappear
proud here i stand blind

the truth i know is only mine
not even a way out
a null mind
the things i never hated
slowly steadily disappear
and unearthed you find me

this i don´t want as mine
a way in not out
to reach inside
this disguise i created
and its threshold tear
and the future take as mine

4 de junho de 2007

morbidez lânguida

tábua lisa sem rasgos de imaginação
parede inspiracional despintada desnuda
branco e mais branco entre as letras sumidas
a preto tão pouco

vazio sentido obrigatório
sentido proibido que tentei enfrentar
metaforização da estupidez lânguida
do emprego do desperdício da força inata humana desumana

vivissecção de uma mente inapta
autópsia moral
crença na cinza ao vento
como final digno da morte-vida

flush de significados insignificantes
porque vazios do sentimento mais puro
e da razão mais límpida
e de qualquer coisa que não esta
morbidez escatológica
que não destrói o nada dentro de mim
nem o algo que não sei

nota symbian

sol do desagrado
lua do desencanto
estrada perdida no desprezo
casa ruída no desespero
vida manchada no desafecto
mas para que porra serve este desamor?

não chegam já os labirintos emocionais
tenho também que desenhar
um bulldozer a régua e esquadro
para desabar mais um telhado
inventar mais um desabafo
e da vida tirar feriado?

já chega.
efectuado.

3 de junho de 2007

naufrágio da loucura final

catrefada de estupidezes que me invadem
bisca lambida do destino inerente à vida
que se vive com demasiados porquês

mas olha, já te dizias a ti próprio
ainda no outro dia estavas vivo
e agora de novo te sentes morto
mas afinal como é?

o capitão deste barco já saltou borda fora
porque nos agarramos ainda ao cordame?
não somos todos ratos afinal?

acidentes oníricos lambuzados de esperança
induzem-nos na realidade televisiva
do sentimento mastigado e digerido e cuspido e vomitado e defecado
e mais uma vez mastigado e etc.

o imediato já tomou conta
apenas fosse verdade
na realidade em standby
o gajo foi-se com o capitão
e ambos estão neste momento
a ver-nos na televisão

esquizofrenia radiofónica
pois tenho os olhos fechados
fechei-os quando me pensei
e quando dentro de mim te matei
e apenas mais um morto me revelei

procuro ler então fora do desespero que já toma conta de mim
mas já os coitados dos ratos roeram os livros todos
e agora as páginas restantes zombam da minha facilidade
em me desencontrar

a tripulação enlouqueceu
o jantar está pronto
uma réstia de sanidade
faz-me sentir o calor
o fogo lento arde o céu
e isto que queimo sou eu

nas cinzas do tempo que rui
encontro um velho papel carcomido pelo tempo gasto
procuro as letras anciãs desconhecidas
na esperança vã de um vislumbre de algo tangível
mas não conheço esta nova semi-linguagem

grunho então de raiva
e já não sei quem odiar
carradas de ideiotas
percorrem-me a mente
e esqueço tudo no esquecimento

1 de junho de 2007

his pants are too tight

"His pants are too tight" by The 9 Lives

em deviantART





este sou eu, neste momento sem ti
já me amavas, não?
estúpido como sou, não percebi que nunca foi esse o problema..

sinto esta pintura um auto retrato por osmose, finalizado no desconhecimento do público alvo..

obrigado, the 9 lives

já ontem te dizia em silêncio

território negro de queimadura antiga em que tento equilibrar-me
sinto as forças marés que me deixam abandonado na tua indiferença
junção de vontades tão contrárias
numa corrida contra o passado interminável
numa fuga a um futuro possível?

o gelo característico do amor obssessivo
o absoluto como tangível
o desprezo pelo nosso amor este
o ódio acumulado que acumula
o desespero fácil da insegurança
o medo sempre
o medo e o horror da perca inevitável
inolvidável
o medo insondável do nosso fim
o medo permanente do meu fim em ti

quando acordo és tu que me faltas
quando me desacordo és tu que não beijo e que não acompanho ao desconhecido
no limbo és tu que vou desesperando nesta merda de sentimento egoísta e castrador de nós
é assustador mas belo como me invadiste
como te sei sem te conhecer
és algo nas minhas entranhas e na minha mente
perco-me ao tirar os olhos de ti e reencontro-me na tua voz

início de vida nova em cada dia novo